Das árvores da avenida

De regresso, encontro mais uma das árvores que ladeavam a Avenida da Liberdade, deitada ao chão. Compreendo algumas das razões usadas para justificar o acto: as árvores são grandes demais, frondosas demais, escondem os prédios, irritam os moradores que ficam com a vista tapada para o jardim.

Mas será que mesmo para estes, os moradores, o sacrifício das árvores trará compensação que justifique a sua inexorável condenação à morte?

E, agora, irão pôr toldos para atenuar a forte insolação da tarde a que ficam sujeitas as fachadas dos prédios? E esses toldos serão visualmente preferíveis às árvores?

E, senhor presidente da Câmara Municipal: pode efectivamente justificar tudo o que está a fazer a este jardim, com a excelência dos seus conhecimentos técnicos? Demasiada convicção tende a confundir-se com excessiva presunção. Se as árvores não forem substituídas por outras mais adequadas às circunstâncias em que estão a ser utilizadas, o senhor arrisca-se a deixar como marca da sua gestão uma "pegada ecológica" muito superior à que o maior dos dinossauros poderá ter deixado sobre a superfície do território.

Aconselhe-se com quem poderá, eventualmente, saber mais e melhor. Olhe que os bons conselhos nunca são demais.

Seja previdente. Não arrisque a, por excesso de presunção, passar à memória colectiva por razões tão nocivas quantos os atentados ambientais e patrimoniais que tem vindo a produzir por falta de adequado aconselhamento.

É sempre péssimo, para quem manda, prestar apenas ouvidos a quem aplaude. Porque, na maioria dos casos, o aplauso é, ao fim e ao cabo, apenas bajulação. Ouça quem o critica. Leve a sério o saber popular que diz: "quem me avisa meu amigo é".