Há um adágio popular, principalmente repetido entre os mais velhos, ou
antigos como se diz por cá, que só se lembram de Santa Bárbara quando troveja. A
“moral” da frase é que só nos lembramos de algo quando estamos em apuros. Nos últimos
anos muito nos lembrámos das teorias económicas de Keynes para nos tirar da
tempestade económica que nos castiga, reclamando investimento dos governos para
aumentar crescimento e emprego. Era esta uma das lições fundamentais de Keynes.
Esta semana o Partido Socialista materializou grande parte do seu programa
de governo num documento que chamou “Uma década para Portugal”. Para além dos
soundbytes gerados fica a ideia que o PS quer cavalgar o ciclo positivo da
economia, acelerá-lo com um choque de rendimento para criar emprego. Então entrega
dinheiro às pessoas como se fosse crédito. Os salários pedem um empréstimo às
pensões. As pensões de hoje pedem um empréstimo às pensões futuras. E assim a
economia toma vitaminas mas com o risco de desacelerar depois.
Mas a proposta tem traços de liberal: o programa aponta para contratos
únicos de trabalho e despedimentos por conciliação, porque desce a TSU para as
empresas e porque desce os impostos mais depressa. Então e o investimento Keynesiano
tão pedido? Bem, ainda faltarão muitas propostas e este documento não é o
programa eleitoral. Espero mesmo que não se lembrem só de Keynes quando
trovejar…
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