segunda-feira, 13 de abril de 2015

O meu Reino por um cavalo

Nestes dias que correm, confesso-me um tanto chocado pelo facto das discussões se centrarem nos candidatos à presidência da República e ninguém estar a discutir quais os problemas do País e quais as propostas para a sua resolução.
Os candidatos, esses, brotam como cogumelos e o país ocupa-se a discutir se há mais divisões à esquerda ou à direita. E isto choca-me porque leio na imprensa, por exemplo, que o número de camas disponíveis no sistema nacional de saúde diminuiu na mesma razão que aumentaram no setor privado, que há milhares de crianças que vão para a escola sem comer nada e o desemprego que não diminui. Até mesmo por cá já ouvi notícias de quem se perfila como candidato a candidato à câmara. Enfim, nunca mais aprendemos…
Fosse agora Inverno e eu poderia dizer – Este é o Inverno do nosso descontentamento – a frase com que começa Ricardo III de Shakespeare. Ricardo III foi o menos amado dos reis ingleses, morto em batalha, depois de dizer a frase – Um cavalo, um cavalo, o meu reino por um cavalo. Os seus restos foram descobertos, há pouco tempo, soterrados sob um parque de estacionamento em Leicester. Por ter sido tão mau governante houve até discussão se o seu funeral, passados 527 anos, devia ter honras de Estado. Acabou por ser uma cerimónia discreta onde nem a rainha foi. Ora isto só prova que presidente e rei pode ser qualquer um mas a honra cabe apenas a alguns.



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