segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O Charlie sai do armário com mérito

Esta semana que decorreu, com os atentados de Paris ainda como pano de fundo, vi muito boa gente a disputar o título de Charlie. O que significa isto? Que muita gente tentou afirmar-se como o mais tolerante e outros como os que mais falam de tudo sem ter medo de nada mesmo que nessas “críticas” e “opiniões” apenas falem do tempo que faz ou o façam a favor da corrente ou como se diz agora a favor do main stream.
Passados alguns dias dos atentados de Paris notou-se também, um pouco por toda a imprensa escrita, algumas opiniões que não se deveria ofender o Islão com a caricatura de Maomé. São os verdadeiros muçulmanos que são ofendidos também.
Mas falemos da tolerância antes do Charlie. Por estes dias estreia um filme sobre uma personagem verdadeiramente notável e para muitos desconhecida. Falo de Alan Turing, interpretado no “Jogo da Imitação” pelo enorme Benedict Cumberbatch. Ostracizado desde criança por ser gago, enquanto adulto Turing foi um matemático genial que, durante a segunda guerra mundial, decifrou o código da máquina Enigma, utilizada pelos Nazis nas suas comunicações. Calcula-se que, precipitando o fim da segunda guerra mundial, Turing tenha poupado a vida a 14 milhões de pessoas. Mas Turing foi também um gay assumido, sofrendo já naquela época a discriminação que muitos tolerantes ditos Charlies praticam ainda hoje.

Por falar em gays, falo também de António Simões, outro gay assumido que, com enorme mérito, preside o HSBC em Inglaterra. Comenta António Simões que se quisermos viver numa meritocracia a única coisa que deveria importar seria o que se consegue fazer e não aquilo que se é ou quem é. Há tanto para se fazer nesta área, afinal não era preciso os atentados de Paris para se ter oportunidade de ser Charlie…

1 comentário:

Anónimo disse...

Para os mais leigos, como eu, o HSBC (Hong Kong and Shanghai Banking Corporation) é um banco internacional com sede em Londres.