quarta-feira, 2 de abril de 2014

Kabuki

Se for ao teatro no Japão talvez se depare com um espetáculo Kabuki. O nome deriva de canto (ka), dança(bu) e habilidade(ki) e os seus atores usam elaboradas maquilhagens. Se virem a palavra traduzida muitas vezes encontrarão a expressão “a arte de cantar e dançar”.
A questão da segurança ou insegurança em Campo Maior ameaça tornar-se num destes espetáculos Kabuki e este drama conheceu mais um ato numa notícia do Correio da Manhã onde se dá conta de um comunicado do Comando Territorial de Portalegre onde se diz que” a criminalidade sofreu em 2013 uma diminuição de "4,5%" naquele distrito alentejano, em comparação com o ano anterior, tendo o concelho de Campo Maior registado uma "redução" da criminalidade geral e das tipologias de crime.” Diz mais o comunicado “"Apesar das limitações de efetivo, estão destacados no Posto Territorial de Campo Maior 30 militares, o dobro da média dos restantes postos do Comando Territorial de Portalegre". Também se lê no documento que "A GNR não se revê, por isso, com as notícias que têm sido divulgadas sobre sucessivos assaltos e ameaças, pois, além de especulativas, não contribuem para o sentimento de segurança das gentes de Campo Maior".
O sempre ácido Mark Twain diria que existem três tipos de mentiras: inocentes mentiras, malditas mentiras e estatísticas. O sentimento de insegurança que se vive não pode ser recolhido numa mera percentagem e a estatística apenas maquilha, como o Kabuki, a realidade que se vive.
Há algo que me parece certo, para a resolução do problema deve haver um conjunto de fatores. Eficácia das forças de segurança e da justiça mas também que as pessoas façam as queixas devidas, só assim o sentimento aparecerá na estatística.
Com a sensibilização ao Ministro da Administração Interna e ao Presidente da República passamos a outros palcos e aqui surge “a arte de saber cantar e dançar”. O nosso Kabuki continua… 

3 comentários:

Anónimo disse...

Escrevam no livro de reclamações, dizendo o que aconteceu, e dizendo que se sentem inseguras. Assim já entra na estatística. E no da Camara também. Ao ponto que esta terra chegou, e o pior e' caminhamos para uma situação pior. Como diz a musica, enquanto uns poucos comem tudo, muitos não comem nada. Campo Maior merecerá isto? E' a pergunta que me faço muitas vezes.

Anónimo disse...

Esta GNR de Campo Maior.... só visto.Então não vêm que a maior parte das pessoas não apresenta queixa porque sabe que eles não fazem nada ??? Ainda hoje eu falei com três (3) pessoas que assaltadas, se dirigiramn À GNr e foram "aconselhadas " a não apresentar queixa porque "não vale a pena "...Já para não falar nos casos em que aconselham o pessoal assaltado e que pretende pelo menos recuperar documentos a dar "uns euritos " à rapaziada do Mártir Santo......

Anónimo disse...

Caro Jack,
Um dos problemas que temos hoje em dia é que deixámos de acreditar em algumas das instituições que deviam ser pilares da nossa sociedade.
Vejamos o caso da justiça, que devido a burocracias ou burocratas deixa prescrever casos como o de Jardim Gonçalves, o banqueiro do BCP.
Muitas das vítimas da insegurança na nossa terra optam por não fazer queixa, uma vez que acreditam que é um esforço inglório. É trabalho de todos mudar este paradoxo, para não sermos confrontados com comunicados como o que se refere no post. Temos que usar todas as "armas" que a democracia nos dá e continuar a acreditar que um futuro melhor nos espera.
Até breve!