Enquanto passa
mais uma turba de castanholas e pandeiretas, faço um intervalo na observação da
campanha, para ver o ministro Crato a justificar a não obrigatoriedade do Inglês
no ensino básico e deixando as escolas, autonomamente, decidir sobre a sua
inclusão ou não na oferta escolar.
Alguns poderão
estranhar este termo “oferta” mas meditando sobre a palavra autonomia dou
comigo a pensar que a escola vai tornar-se cada vez mais numa unidade económica
onde os diretores de agrupamento serão diretores comerciais e os professores
vendedores de um produto. Estranham estas linhas? Acham que não?
A matemática é
simples: mais autonomia, mais liberdade de escolha das escolas, mais os pais
olharão os rankings das escolas para ponderarem as suas escolhas. Os
agrupamentos tentarão captar mais alunos melhorando a sua oferta. Mais alunos
significa mais recursos, mais horas de trabalho e por consequência mais
professores naquele agrupamento. Continuam a achar fantasia? Este ano quando
visitarem os stands do São Mateus reparem como já há agrupamentos a
promoverem-se.
E mesmo que questionem
se os exames refletem o que os alunos sabem (já li aqui em comentários) não
tenham dúvidas que as escolas terão os seus ratings de acordo com esses
resultados. Estranham estas linhas? Acham que não? Já observaram a quantidade
crescente de alunos que todos os anos estão dispostos a deixar a escola de
Campo Maior para, num desgaste enorme de dinheiro e quilómetros, frequentar o
Luso-Britânico de Elvas. Procuram mais preparação e mais segurança.
Por isso não
estranhem que um destes dias passe o diretor de agrupamento com um livro de “Marketing
for Dummies”, “Vendas for Dummies” ou
ainda, para combater a desmotivação, livros de Coaching ou daqueles mais
chamativos “Seja o Mourinho dos Diretores de Agrupamento”.
É a escola –
empresa, sejam bem vindos à selva! Sejam bem vindos ao mundo real!
2 comentários:
Jack, boa noite!
Que lufada de ar fresco na "calmaria" dos tempos eleitorais que correm.
Este seu post está interessante, sim senhor...Interessante perspetiva.
Quanto há ida dos meninos para o colégio em Elvas, era conversa para outros fóruns...Se eu pudesse pagar faria o mesmo, ou não!
Quem tem dinheiro sempre o fez, mas nem sempre na busca de mais qualidade!
O Jack por acaso estudou na escola pública? Se a escola pública pudesse por na "rua" ou excluísse os já excluídos, outro “galo cantaria”, sim senhor.
Ainda bem que não, mas com o andar da carruagem, não sei, não sei...
Os diretores neste momento da "escola de Dummies" só ainda têm o formato de bolso.
Do Mundo real.
Caro Anónimo,
respondendo à sua pergunta: sim. Sou um produto, inteiramente, de escola pública. Universidade incluída.
Gostava é que fosse mais concreto. O seu discurso deixa muito escondido!
Volte sempre e obrigado
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