quarta-feira, 19 de junho de 2013

Más decisões

O FMI publicou, recentemente, um relatório onde dizia: “os cortes automáticos na despesa não só colocam fortes entraves ao crescimento no curto prazo, como reduções indiscriminadas nos gastos em educação, ciência ou infraestruturas podem pôr em causa o potencial de crescimento do médio prazo.” Calma…o relatório não era sobre Portugal. Este relatório fala da economia americana. Para Portugal as notícias são outras: “o plano de cortes permanentes da despesa pública é crucial para se cumprir a meta de 4% do PIB para o défice em 2014”. Estas posições opostas são preocupantes e revelam muita incoerência sobre as receitas para curar a doença que, salvando as diferenças entre as duas economias, é comum. São más decisões.
Noutro plano, li um artigo, onde se faz um balanço da privatização da água no Reino Unido. Passados 25 anos, que Margaret Thatcher entregou o serviço aos privados, a Corporate Watch de Fevereiro conclui, entre outras coisas, que: “Trinta por cento da factura da água vai parar aos bancos e investidores em forma de juros e dividendos; os consumidores pagam mais dois mil milhões de libras por ano (cerca 2,4 mil milhões de euros), ou seja, cada agregado paga mais cerca de 80 libras (94 euros), do que pagariam se o sistema fosse financiado com verbas públicas”.
Quando se privatizou o abastecimento de águas em Campo Maior tomaram-se duas más decisões. A primeira é que o preço iria encarecer mais do que o valor eficiente da distribuição pública e a segunda é que iria criar potenciais excedentários. Mas, pior que isso, é a ideia de que quando alguém transfere estas competências para o privado passa a mensagem. “Ok, eu sou incompetente para gerir este serviço, façam-no vocês de uma forma mais eficiente, mesmo que mais cara para os consumidores”. Apesar das más decisões há quem teime em querer regressar, alegremente, à causa pública.

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