Contam que, um
dia, um homem reprovou a Pablo Picasso o facto da sua arte ser pouco realista.
O pintor respondeu-lhe perguntando-lhe se era capaz de lhe mostrar alguma arte
que fosse realista. O homem mostrou-lhe uma fotografia da sua mulher. Picasso
olhou para ela e disse: “Então, a sua mulher mede cinco centímetros, é
bidimensional, não tem braços nem pernas e também não tem qualquer cor, apenas
gradações de cinzento?”. Picasso não seguia as regras e sempre receou a
estagnação estilística: “o estilo é o pior inimigo de um pintor”. Talvez por
isso ao longo da sua carreira utilizou muitos e diferentes estilos, tendo até
criado alguns como o cubismo com o seu quadro “Les Demoiselles d'Avignon”.
Picasso revela toda a essência deste pensamento com a sua frase: “Eu não
procuro, encontro”. Procurar significa esperar por algo predeterminado,
procurar é partir de antigas vivências e querer encontrar o novo no já
conhecido. Pelo contrário, encontrar, é isto que é totalmente novo. O novo
encontra-se no movimento.
De forma
semelhante, alguns pensamentos “out of the box” começam a existir na gestão das
cidades, cortando com gestões monolíticas do passado. São eles projetos de
cidades inteligentes que obtêm sucesso quando envolvem os cidadãos e as
entidades privadas na definição das linhas estratégicas. Esta nova forma de
pensar deu origem, entre nós, ao aparecimento do orçamento participativo mas
falta fazer muito mais. Estes projectos obtêm, realmente, sucesso quando as
cidades ou vilas tem um modelo de governação capaz de processar, rapidamente a
informação de acordo com as necessidades das pessoas e das empresas, sob pena
de perder atração para o investimento. Esta eficácia passa hoje pela utilização
das tecnologias de informação, mas também, diria eu, na utilização de velhas
receitas lidas nas obras dos clássicos: ser intransigente nos princípios e
flexível na aplicação como ensinou Maquiavel no seu livro “O Príncipe”.
1 comentário:
Caro Jack.
Felicito-o pois dia após dia continua a apresentar escritos de grande qualidade.
Este é magistral!
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