quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eu não procuro, encontro!


Contam que, um dia, um homem reprovou a Pablo Picasso o facto da sua arte ser pouco realista. O pintor respondeu-lhe perguntando-lhe se era capaz de lhe mostrar alguma arte que fosse realista. O homem mostrou-lhe uma fotografia da sua mulher. Picasso olhou para ela e disse: “Então, a sua mulher mede cinco centímetros, é bidimensional, não tem braços nem pernas e também não tem qualquer cor, apenas gradações de cinzento?”. Picasso não seguia as regras e sempre receou a estagnação estilística: “o estilo é o pior inimigo de um pintor”. Talvez por isso ao longo da sua carreira utilizou muitos e diferentes estilos, tendo até criado alguns como o cubismo com o seu quadro “Les Demoiselles d'Avignon”. Picasso revela toda a essência deste pensamento com a sua frase: “Eu não procuro, encontro”. Procurar significa esperar por algo predeterminado, procurar é partir de antigas vivências e querer encontrar o novo no já conhecido. Pelo contrário, encontrar, é isto que é totalmente novo. O novo encontra-se no movimento.
De forma semelhante, alguns pensamentos “out of the box” começam a existir na gestão das cidades, cortando com gestões monolíticas do passado. São eles projetos de cidades inteligentes que obtêm sucesso quando envolvem os cidadãos e as entidades privadas na definição das linhas estratégicas. Esta nova forma de pensar deu origem, entre nós, ao aparecimento do orçamento participativo mas falta fazer muito mais. Estes projectos obtêm, realmente, sucesso quando as cidades ou vilas tem um modelo de governação capaz de processar, rapidamente a informação de acordo com as necessidades das pessoas e das empresas, sob pena de perder atração para o investimento. Esta eficácia passa hoje pela utilização das tecnologias de informação, mas também, diria eu, na utilização de velhas receitas lidas nas obras dos clássicos: ser intransigente nos princípios e flexível na aplicação como ensinou Maquiavel no seu livro “O Príncipe”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Jack.

Felicito-o pois dia após dia continua a apresentar escritos de grande qualidade.

Este é magistral!