quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Para onde vai a "escola"?

Para mim a escola é um local de culto. Se pudesse voltar hoje a sentir o primeiro dia de escola não duvidaria um segundo. Desculpem o pleonasmo mas, na escola tive uma professora da "velha " escola, daquelas que nos ensinava todos os rios e afluentes bem como o nome das linhas férreas. Do resto do meu percurso académico guardo entre, os meus preferidos, os professores que no início das aulas todos receavam como os mais exigentes e os mais "lixados". São esses que depois me davam verdadeiras lições de vida e grandes ensinamentos.
Sendo assim, hoje apelava aos comentários sobre a situação actual da escola, convidando todos a particpar mas particularmente algum professor que por ventura leia este blog.
Os professores ameaçam com nova agitação social. Li na semana passada que a progressão na carreira será limitada pelo número de vagas, particularmente quando se transita entre alguns escalões. Contrapõem os criticos dos professores que todos os funcionários são avaliados e que os professores seriam os únicos que chegariam ao topo da carreira se a situação não se alterarasse. Justo ou injusto, com razão ou sem razão, qual é a situação hoje dos professores e da nossa escola?

11 comentários:

Um professor disse...

Não se pode opinar sobre a escola enquanto instituição e centro de formação das novas gerações sem primeiro tomar consciência da condição dilemática em que ela tem de subsistir:
- Por um lado, a escola é o reflexo da sociedade em que existe; logo, ela reflecte todas as virtudes e vícios, todas as tendências e problemas dessa sociedade;
- Por outro lado, tendo como missão instruir, educar e formar, a sua acção modela o tipo de sociedade que as sucessivas gerações vão desenvolvendo.
Assim, a escola actual, sendo o reflexo de uma sociedade que sofre uma profunda crise de mutação,está também ela na encruzilhada de não saber qual o seu destino, quais os caminhos que deve escolher para atingir, mais depressa e com maior eficácia, objectivos que ela ainda não sabe claramente como definir.
Nesta situação, como julgar os professores por serem as criaturas tão desorientadas que têm mostrado ser? Como mostra-lhes que muitas das acções que desenvolvem são tiros que, por ricochete, os irão ferir mais cedo do que eles podem acreditar?
Como queremos que eles sejam os professores de que esta sociedade precisa se lhes não foi dada a formação adequada para o poderem ser?
Perante tudo isto, resta-nos a consolação de haver ainda casos exemplares de professores que, "au dessus de la melée", conseguem ainda ser verdadeiros educadores. Estes são os que conseguem ainda entender que a acção educativa se faz mediante uma receita bastante simples: uma base forte de vocação, recheada com uma boa mistura de afecto que baste, com uma boa dose de saber, marinada em abundante dedicação.
Acreditem que, dizendo muito pouco, isto é uma boa parte do que, sobre esta questão, poderá ser dito na actual situação.

Anónimo disse...

De um sempre aluno...


Ex.mo Sr. Professor

Permita-me (como leigo na matéria) que responda (resumidamente ) ao seu post com estima, consideração e alguma contestação, pois não se pode ficar indiferente ao seu conteúdo.

Comecemos então:

“Não se pode opinar sobre a escola enquanto instituição”

- Porquê ? Será que a escola é uma instituição assim algo tão inatingível, tão incriticável ?

“Assim, a escola actual... de não saber qual o seu destino... quais os caminhos que deve escolher... objectivos que ela ainda não sabe claramente como definir”

- Sr. Professor : Permita-me que discorde profundamente. Então um sapateiro quando se propõe fazer uns sapatos não sabe como fazê-los? Um arquitecto que se propõe fazer um projecto não sabe como iniciá-lo? Uma cozinheira que se propõe fazer um cozido de grão não sabe os produtos necessários ? Sou levado a concluir se não saberá a escola ( essa malvada que tão largas costas tem) ou não saberá o senhor. ( Não fique preocupado que “isto” acontece em todas as áreas e com todas as profissões).

“Nesta situação, como julgar os professores por serem as criaturas tão desorientadas que têm mostrado ser?”

- Oh, Sr. Professor, essa tão digna classe profissional anda desorientada? Olhe que não, olhe que não, professor... e mais, olhe (outra vez) que também não lhe fica nada bem, permitir-se falar por um todo.

“Como mostrar-lhes que muitas das acções que desenvolvem são tiros que, por ricochete, os irão ferir mais cedo do que eles podem acreditar?”

- Então o Sr. Professor o que é que recomenda? Que todos os professores fiquem quietinhos, submissos como cordeirinhos, na sua secretária, sem ideias, sem projectos, - á espera de ser atingidos pelos “seus” tirinhos – e que tudo aconteça nas suas costas sem emitirem qualquer opinião?

Estou a ficar sinceramente, estarrecidamente incrédulo com V.Exª., Sr. Professor.

Como queremos que eles sejam os professores de que esta sociedade precisa se lhes não foi dada a formação adequada para o poderem ser?

- Oh Sr. Professor não lhe foi dada formação ? Então como é que chegou lá ? Provavelmente aconteceu-lhe chegar “lá” - depois como tudo indica - ficou de os olhos fechados, embevecido, á espera de ser chamado “Sô Tôr”a todo o momento, ou então que o mundo parasse por ter chegado “lá”, e nem se deu conta que tudo á sua volta continuava a girar...


“Perante tudo isto, resta-nos a consolação de haver ainda casos exemplares de professores que, "au dessus de la melée", conseguem ainda ser verdadeiros educadores.”

Pelos vistos parece que lhe resta a (si) consolação, e a nós - que temos na “ sua” escola os nossos filhos, netos ou amigos – a esperança de que nem todos os professores sejam assim tão passivos, inqualificados, “inimigos” da classe, e dos alunos, como o senhor demonstra ser.

Perdoe-me alguma crueldade no palavreado, mas acredite que não fui tanto como gostaria de sê-lo, muito por respeito que me merece o administrador do Decampomaior... e porque isto também já vai longo , e porque tenho que jantar.

Os meus cumprimentos

Um professor disse...

Senhor(a) anónimo(a):
Foi com grande mágoa que li a sua violenta "catilinária" contra o meu comentário.O que mais me magoa é saber que o grande problema reside em haver muita gente a desempenhar funções docentes com a mesma atitude que expressa no que escreveu.
Não merece a pena prosseguir naquilo que não tem qualquer viabilidade de ser uma conversa e eu não tenho gosto para manter o diálogo de surdos entre "um saber de experiência feito", base de um pensamento honesto e fundamentado, e as informações inflamadas, dogmáticas e sectárias que produz.Repare que enquanto eu pretendo tentar compreender os problemas que afectam uma coisa que para mim é tão importante como a educação,você procura apenas impor a sua opinião.
Lamento que use processos intelectualmente pouco honestos como o retirar do seu contesto partes de frases para desenvolver a sua fervorosa prosa.
Se à parte "Não se pode opinar sobre a escola enquanto instituição" tivesse juntado o resto da frase, o seu sentido era inverso da interpretação que lhe deu. Não é verdade?
Contudo, não se preocupe que não levo a sério a sua compreensiva preocupação por eu não entender. O que eu não quero é aceitar o seu "entendimento" destas questões.
Quanto ao que escrevi, não se incomode que há certamente quem me entenda.
Infelizmente, não tantos quantos os que eu desejaria e daí o agravamento agudo dos problemas: a indisciplina dos alunos, a crescente falta de prestígio profissional que afecta os docentes, a ineficácia da escola para cumprir a sua função eminentemente social.
Sabe uma coisa? É impossível julgar a escola e a educação, utilizando formas de pensar e processos de agir que são usadas na baixa política. Para entender a educação é preciso amar a educação. E ninguém consegue ter razão só por gritar mais alto e afirmar argumentos com maior veemência.
A honestidade das intenções é condição para se poder articular um modo inteligente de pensar.

Anónimo disse...

Tenho muito pena mas não consigo ter paciência para aturar as verborreias de populismo demagógico como a que foi aqui publicada às 19:59.
Como é possível responder de modo tão pouco infundado e, até (porque não dizê-lo?)tão mal educado a um texto tão bem pensado estruturado e fundamentado como o publicado por Um Professor.
Para o comentário os meus parabéns por um belo texto que me pôs a pensar.
Para o comentário do comentário uma recomendação: para a próxima vez, não escreva. Vá logo jantar. assim, você e eu, teremos muito maior proveito porque está visto que pensar não é a sua vocação e parece-me que também não será a educação.

Anónimo disse...

De um sempre ( mau) aluno...

Exmo. Sr. Professor:

Como insigne e honrado professor, e pessoa extremamente educada que demonstra ser , agradeço imenso que (só) me tenha apelidado de sectário, surdo, dogmático, desonesto... e ao meu comentário de “catilinária” violenta.

Tendo ainda como presente, a extrema felicidade de se magoar, com o desempenho que demonstram certos docentes, que não se coadunam (segundo afirma) com a nobre missão, ou com o profissionalismo que a docência exige, revela ter igualmente sensibilidades e virtudes insuspeitas, que me apraz registar, e levar-me a louvar-lhe uma vez mais, tão elevadíssimos méritos.

No entanto...(arrepiei caminho). Mas como ia a dizer, como em tudo, há sempre o reverso da medalha (descanse... já não é o caso ) e não seria agradável que pelo facto de ter contestado o seu 1º post., sua Excelencia me viesse a considerar uma metástase de um cancro incurável, que somente existe, para matar os bons professores como certamente V.Exª. é...só porque ao ler o seu 1º comentário por isto ou por aqueloutro (defeito meu) infelizmente não (me) conseguiu fazer passar a ideia de ser possuidor de tão altíssimas capacidades.

Reafirmo o meu erro, e pelo facto aqui estou perante o Exmo. Sr. Professor, a retratar-me e a penitenciar-me, esperando que no mínimo me seja dada a honra e glória - pelo administrador deste blog - de ser julgado radicalmente aqui e agora, pela terrível blasfémia de ousar pôr em causa, o seu poder de "um saber de experiência feito", e de ilustre mestre dos mestres, inventando ( como pude?) frases fora do contexto, – tal como um senil cobarde invertebrado – insinuando malignamente terem sido produzidas por V.Exª.

A partir de hoje ( espero que aprove ) e como benevolente mortificação, impus - me um cilício na perna esquerda, e para paz dos homens bons, de jamais, jamais jantar...

Os meus respeitosos cumprimentos.

carlos disse...

Um bom Professor pode mudar a vida de um aluno.
Uma boa Universidade pode mudar a vida de um país.

Anónimo disse...

Esta criatura devia ir tratar-se.
ó Professor! Não adianta!.... Não responda! A única solução é deixar certas criaturas entregues ao seu triste destino.

Anónimo disse...

A subjectividade dos valores...

Um mau aluno pode mudar a vida de um bom professor.

Um bom País pode mudar a vida de más universidades.

Um mau professor pode mudar a vida de um bom aluno.

Uma boa universidade pode mudar a vida de um mau País.

E podia-mos continuar, continuar... m ñ th tempo.

Carlos:
O que é o bom ?
O que é o mau ?
Bom é o quê?
Mau é o quê?

Cumprimentos

Anónimo disse...

E a loucura é o quê?
O que é que provoca o descontrolo em que entra uma mente delirante?
O que faz uma pessoa perder o sentido do real?
E o que a leva a incomodar os outros com os seus devaneios?
Como pode uma pessoa que se não controla a si mesmo aspirar a controlar a vida dos outros?
E como aturar tanta presunção numa criatura que está completamente desregulada?
E?
E?
E?
......

carlos disse...

Amigo,
o meu comentário é apenas uma máxima que ouvi hoje mesmo.
Ao meu parco entendimento, forjado na escolaridade obrigatória, pareceu-lhe um pensamento profundo e vai daí botei no blog.
Não me peças ginástica mental pq há muito que falto aos treinos e sei que não vou conseguir estar ao teu nível.
Bom bom mesmo é vitela com alho! mais de que isto...

carlos disse...

só aqui prá gente q ninguém nos ouve, "podiamos" escreve-se tudo junto...

Olha olha!!! vendo bem podemos dizer que encontrámos um parametro para avaliar o que é um bom professor!
Um professor pode ensinar-te a escrever mas não a pensar, (como a mim), ou ao contrário(como a ti), e agora vá-se lá saber qual deles é que é bom...! caimos outra vez na "pescadinha de rabo na boca"... ora bolas :-(