quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mais um Tijolo no Muro!

Ironicamente, se em 2009 comemorámos 20 anos da Queda do Muro de Berlin, começámos 2010 não a comemorar mas a falar da Queda de outro Muro. Este situado no Mártir Santo foi durante, pelo menos 24 horas, falado em televisões e rádios, bem como em toda a blogosfera campomaiorense. O Decampomaior não é alheio a este facto, mas como blog de opinião e não de notícia, deixou que as primeiras 24 horas passassem, deixou que a poeira que a derrocada provocou assentasse para lançar, hoje sim o seu comentário. Se numa primeira fase pensámos que a queda acidental do muro poderia abrir, finalmente a solução para o caso do Mártir Santo, sentimos que pouco a pouco todo o estrondo da derrocada se foi desvanecendo num eco distante. É que se diz que a etnia cigana seria desalojada e alojada provisoriamente noutro ponto da vila. Ora mudar o problema de sítio não resolve o problema, antes mais aviva-o na mente de todos. A solução que se procura é uma solução de fundo e não uma solução criada com o impulso de um acidente. Aconteça o que acontecer este caso pode tornar-se para os autarcas da nossa terra aquilo que é o Afeganistão e o Iraque para o Obama, um imenso terreno pantanoso do qual poderão não sair ilesos. Se o Muro foi abaixo fisicamente eu por mim acho que, figuradamente, foi antes colocado mais um tijolo neste enorme processo do Mártir Santo. Mais uma tijolo... Another Brick In The Wall!

2 comentários:

Zé Polvarinho disse...

Penso que não se trata de mais um tijolo. Pelo contrário, são menos uma pedras que compunham o que resta ainda de uma muralha.
Isso é um problema que tem a ver com décadas de incúria na preservação de um património que, além de fonte de orgulho e lição sobre o nosso passado como povoação e como comunidade, poderia tornar-se também fonte de rendimento por incremento das capacidades turísticas que o património pode gerar.
Mas isso é uma outra questão que, embora venha para caso, não é a melhor altura para discutir.
Há o outro lado do problema que é a questão social, muito difícil de resolver que os actuais autarcas herdaram: as famílias de etnia cigana que deixaram instalar, ocupando um baluarte e que se tornou fonte de agravos e ressentimentos para a comunidade campomaiorense.
Como resolver esta questão uma vez que ela implica entre outros os seguintes aspectos:
- Como beneficiar uma minoria que, pela sua atitude agressiva que, tantas vezes, à margem da legalidade,ofende os restantes campomaiorenses, sem levantar uma forte contestação por parte daqueles - e tantos são - que vivem em condições de habitação precárias e tendo que enfrentar tantas dificuldades para garantirem a sua subsistência?
- Como deixar arrastar um problema que é causa de tantos descontentamentos e protestos?
- Como integrar um grupo que, pelas suas carências culturais, se coloca constantemente numa posição que suscita a mais viva rejeição?
Porque a verdade é que não estamos perante uma necessidade de simples reinstalação - coisa que não seria de grande complexidade. Estamos perante a angustiosa urgência de salvar gente para salvar património e de aproveitar a necessidade de salvar o património para resolver os problemas de homens, mulheres e crianças que têm demonstrado ter tão pouca capacidade para tomarem conta das suas próprias vidas.
Para agravar a questão, é preciso fazer tudo isso sem ferir susceptibilidades e justas recriminações por parte dos que têm sido as constantes vítimas desta situação, ou seja, em geral, a população de Campo Maior.
De facto, perante isto, só podemos fazer um esforço para compreender a dificuldade do problema que os actuais responsáveis pela autarquia têm entre mãos.
Dada a gravidade e a complexidade do problema, peço à Divina Providência que nos ilumine a todos na busca de uma solução justa, humana e viável. Aos campomaiorenses peço que tenham ainda um pouco de paciência. Aos responsáveis pelo poder local, que se empenhem com o máximo de competência e de boa vontade na tentativa de resolver aquilo que será, provavelmente, um dos problemas mais complicadas que se põe à comunidade campomaiorense nos últimos anos.

Kruzes Kanhoto disse...

Mas os ciganos não tem dinheiro para comprar uma casa?!